terça-feira, 27 de julho de 2010

CRISE DA ESCOLA PÚBLICA

Vivemos na era da pós-modernidade, onde os valores culturais, cederam lugar para novos valores econômico. Vivemos a era de grandes crises: crise de conceitos, crise de valores crise da educação, etc. A escola pública, que segundo José Líbano(2002) deve ser o local reservado para o debate, e a construção do conhecimento, a edificação do saber; espaço reservado para a sistematização das idéias; escola como espaço cultural dedicado a maioria da população desprivilegiada transforma-se em palco de desmando, responsável pelo alojamento de alunos liberando os pais da responsabilidade de darem educação doméstica, com a perda do controle da educação dos seus filhos. Ante a tudo isso, a sociedade espera que solucionemos esta questão .
Estamos assistindo bestialmente a era do capitalismo globalizado, onde não existem fronteiras para as relações econômicas, principalmente do ponto de vista das negociações das grandes potencias como EUA, Japão, Inglaterra,e os tigres asiáticos, os quais em proveito dos países periféricos como Brasil, Argentina e outros. Continuamos a alimentar esta cadeia econômica, gerando riquezas para as grandes potências e pobreza para nós latinos, na medida em que copiamos modelos políticos econômicos e social.
Vivemos numa sociedade do descartável, consumindo desesperadamente todos os produtos que nos são apresentados pela mídia. Neste frenesi do descartável, ditado pelas regras do capitalismo globalizado, que rege o processo educativo para as leis de mercado, nosso alunado transforma-se em cliente e este deve orientar sua educação para aquilo que vai ser mais rentável.
Nesta arena de grandes negócios, há muito que se rever, especialmente, o papel da escola pública hoje, e o papel do profissional da educação nesta instituição. Segundo Ricardo Franklin,(1995) a escola pública esta sucateada, pois o governo retirou sua responsabilidade de gestor desta instituição, entregando nas mãos de particulares que direcionam a educação para áreas lucrativas do comércio.
Paralelo ao novo modelo econômico, surgem novos modelos de educação que não permitem aos pais darem, sequer, uma palmada nos filhos para não traumatizá-los ou falar de forma bastante ríspida, como nossas mães faziam quando não estávamos querendo estudar. Tudo isso hoje é proibido, sob o argumento de que não coagir a criança e/ou deixá-la deprimida, pois os órgão de defesa do menor e do adolescente, a saber: o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, não permite tais abusos. Impossibilitados de efetivar o devido corretivo, os pais entregam seus filhos à escola para os educadores resolverem a educação domestica e técnica. Como? Se a escola também está com suas vias limitadas, pois o medo se abateu sobre toda a instituição. Medo de punir devidamente a aluno, pois o Eca, Conselho Tutelar, Ministério Público, todos estes órgãos não permitem punições aos alunos, independente do que o aluno faça, este deve permanecer na escola, pois a escola se transformou, na atualidade num depósito para as crianças, que as famílias se omitem em participar de sua formação e, até mesmo educação.
Daí, a pergunta que tem mexido muito com o imaginário das pessoas que trabalham na área de educação. Que tipo de educação estamos transmitindo para os nossos jovens?
Frente a uma economia globalizada em que o valor estar em ter muito dinheiro. Será que a ética, honestidade a moral e a integridade estão fora de moda? Jovens que sonham com uma vida de contos de fadas, sem fazer esforços para subir na vida, sonhando em ser um grande jogador de futebol, ou vender produtos ilícitos ou casar com o jogador ou ser modelo, vários outros caminhos que a sociedade oferece sem ter que necessariamente sentar em um banco de universidade. Todos esses caminhos levam muitos jovens a concluírem que não precisam estar em uma escola, porém, a grande surpresa para muitos é que estes outros caminhos não levam a um final feliz, como nos contos de fadas, mas afinal a se tornares personagens de filmes de terror.
Será que estamos vivendo a era da barbárie? Pois, a permissividade e o desrespeito vêm acontecendo no cotidiano da vida escolar. No início do ano ficamos sabendo através das páginas policiais do jornal que um professor de escola de cajazeiras foi esfaqueado pelas costas por um aluno. No mês de maio deste ano, na escola Eduardo Bahiana, uma professora da disciplina Língua Portuguesa foi desrespeitada por uma aluna, que por pouco não a surrou, no início do mês de julho, a mesma aluna por não ter se preparado devidamente para apresentar um trabalho que seria apresentado para a turma, dedicou o tempo que lhe era devido para fazer uma explanação de palavras torpes de baixo calão, colocando a moral e o respeito na lata de lixo.
Trabalho há dezesseis anos no Eduardo e nunca presenciei cena tão dantesca, mais parecia um filme pornográfico, segundo a aluna o show de interpretação pornográfica foi para não me surrar como se fosse normal o espancamento de professores.
Cada dia que se passa fica vidente o desrespeito ao profissional de educação, neste novo modelo de sociedade, ditado pelos meios de comunicação que tanto têm contribuído para a deformação de valores morais. O mestre dos conceitos torpes, entra nos lares de muitas famílias nos horários nobres, ensinando como desrespeitar idosos, como prostituir criancinhas, como bater nos pais e muitas outras formas de como dá o xeque mate na ética e na moral. O trabalho do profissional de educação que leva em média 10 á 15 anos para formar um cidadão, leva em média para ser destruído alguns meses proeza exercida pelas novelas de emissora de tv. .
Somos ainda um país de grande desigualdade social, que só será reparado quando houver um investimento maciço na educação, oportunizando a todos de forma justa, a receber uma educação de qualidade. É preciso mais do que boa vontade e projetos engavetados. A escola precisa de regras rígidas, ter autonomia junto ao colegiado para tomar decisões e de um novo direcionamento e encaminhamento a novas diretrizes para fortalecer as decisões coletivas do corpo docente.
A transformação da sociedade depende do compromisso do governo com a educação pública. É impensável existir um modelo de progresso econômico, sem que haja investimento maciço na educação, países como China e Japão que deram um salto na economia, investiram pesado na educação. Para garantir o desenvolvimento educacional, no Brasil, é preciso estabelecer limites, hoje vejo a escola pública muito permissiva, ou sem forças para atuar junto ao alunado com firmeza. Ao aluno quase tudo é licito, lembrando do aluno que esfaqueou o professor no Edivaldo Brandão, este está de volta à escola para estudar, que sociedade é esta que a tudo permite? Será que é a sociedade da certeza da impunidade? Ou pior, a de que o crime compensa e é protegido por leis, ou por pessoas que pensam que a violência nunca vai chegar até si? Atualmente, o número de professores doente com depressão tem aumentadoconsideravelmente.
O alunado precisa perceber que a escola pública contribui para a formação de idéias e valores que impulsione uma transformação social, mas esta transformação só será viável com limites a serem estabelecidos. É preciso uma escola que mostre autoridade, nós educadores não podemos ser reféns dos alunos, o medo não pode imperar sobre a escola, não podemos permitir essa inversão de valores ou a escola acaba com a impunidade ou esta nova ordem ditada pelo desmando imperara sobre a escola pública. Há quem interessa tanto desmando? que pena! que as pessoas que precisam tanto desta escola, não se dê conta de que, quanto menos educados, mais ricos se mantém as elites dominantes deste país e, mais pobre continuam as pessoas que desta escola precisam.

lucinha 27/07/2010